domingo, 24 de outubro de 2010

"A Libertinagem de Expressão" #PropagandaDuJour

Okay Brasil! Graças a Jah o período eleitoral está acabando e, consequentemente, poderemos voltar às nossas vidinhas de gado, felizes e marcadas por nossa míopia social que, ironicamente, retornará na próxima Copa do Mundo de futebol (que, mais ironicamente ainda, será no nosso amado Brasil). Contudo, neste ano, como estudante de jornalismo, o principal ponto de debate entre eu e as pessoas foi o posicionamento e comportamento da grande mídia tradicional nestas eleições.

Antes de mais nada, quero deixar claro que sou adepto da expressão cunhada por Paulo Henrique Amorim para adjetivar a chamada "grande imprensa" brasileira: Partido da Imprensa Golpista (PIG). Ao longo desses meses de campanha eleitoral, foi ela quem moveu os debates entre amigos, muito mais que "Dilma e o aborto", "Serra Paz e Amor" e "Marina e os pseudo-ecochatos"; e é a partir dela que gostaria de levantar os questionamentos pós-segundo turno.

Interessantemente, num país em que a consciência e construção de uma "identidade nacional" é uma idéia relativamente recente, um dos pontos de pauta de qualquer conversa de fila de supermercado foi a "liberdade de expressão". Instituição principal da democracia, acredito que ainda há um longo caminho para que nós, brasileiros comuns, saibamos o real significado dessa máxima e suas consequencias.

Assombrados por um período ultrapassado, mas deliberadamente alardeado como um fantasma (a Ditadura e sua censura), nós estamos aprendendo a lidar com essa instituição da maneira mais louca: no palco sem fronteiras - quase dadaísta - da Internet. Foram centenas de correntes/emails em que o cidadão do Brasil acabou demonstrando sua face mais preconceituosa e cruel, encaminhando, para milhares de caixas de entrada pelo país, desde rumores absurdos a pontos de vista explicitamente facistas.

Será esse o verdadeiro pensamento brasileiro? Uma maneira de responder tal pergunta seria lançando o olhar para a imprensa, porta-voz principal da democrática liberdade de expressão. E aí, ao meu ver, a coisa se complica porque ela também, em casos não-raros, se mostra como difusora de fantasmas absurdos, massificadora de discursos superficiais e contradições de revirar o estômago. Exemplos: o caso "Maria Rita Kehl X Estadão" e agora o "Serra e a bolinha de papel".

Abaixo há a transcrição ipsis litteris de um email que recebi esta semana sobre a dita agressão sofrida pelo candidato tucano e o tratamento dado pelo maior informador do país: o telejornal da TV Globo, Jornal Nacional.

Saiu no Escrivinhador, de Rodrigo Vianna:


O dia em que até a Globo vaiou Ali Kamel

Passava das 9 da noite dessa quinta-feira e, como acontece quando o
“Jornal Nacional” traz matérias importantes sobre temas políticos, a
redação da Globo em São Paulo parou para acompanhar nos monitores a
“reportagem” sobre o episódio das “bolinhas” na cabeça de Serra.

A imensa maioria dos jornalistas da Globo-SP (como costuma acontecer
em episódios assim) não tinha a menor idéia sobre o teor da
reportagem, que tinha sido editada no Rio, com um único objetivo:
mostrar que Serra fora, sim, agredido de forma violenta por um grupo
de “petistas furiosos” no bairro carioca de Campo Grande.

Na quarta-feira, Globo e Serra tinham sido lançados ao ridículo,
porque falaram numa agressão séria – enquanto Record e SBT mostraram
que o tucano fora atingido por uma singela bolinha de papel. Aqui, no
blog do Azenha, você compara as reportagens das três emissora na
quarta-feira. No twitter, Serra virou “Rojas”. Além de Record e SBT,
Globo e Serra tiveram o incômodo de ver o presidente Lula dizer que
Serra agira feito o Rojas (goleiro chileno que simulou ferimento
durante um jogo no Maracanã).

Ali Kamel não podia levar esse desaforo pra casa. Por isso, na
quinta-feira, preparou um “VT especial” – um exemplar típico do
jornalismo kameliano. Sete minutos no ar, para “provar” que a bolinha
de papel era só parte da história. Teria havido outra “agressão”.
Faltou só localizar o Lee Osvald* de Campo Grande. O “JN” contorceu-se,
estrebuchou para provar a tese de Kamel e Serra. Os editores fizeram
todo o possível para cumprir a demanda kameliana. mas o telespectador
seguiu sem ver claramente o “outro objeto” que teria atingido o
tucano. Serra pode até ter sido atingido 2, 3, 4, 50 vezes. Só que a
imagem da Globo de Kamel não permite tirar essa conclusão.

Aliás, vários internautas (como Marcelo Zelic, em ótimo vídeo postado
aqui no Escrevinhador) mostraram que a sequência de imagens – quadro a
quadro – não evidencia a trajetória do “objeto” rumo à careca lustrosa
de Serra.

Mas Ali Kamel precisava comprovar sua tese. E foi buscar um velho
conhecido (dele), o perito Ricardo Molina.

Quando o perito apresentou sua “tese” no ar, a imensa redação da Globo
de São Paulo – que acompanhava a “reportagem” em silêncio –
desmanchou-se num enorme uhhhhhhhhhhh! Mistura de vaia e suspiro
coletivo de incredulidade.

Boas fontes – que mantenho na Globo – contam-me que o constrangimento
foi tão grande que um dos chefes de redação da sucursal paulista
preferiu fechar a persiana do “aquário” (aquelas salas envidraçadas
típicas de grandes corporações) de onde acompanhou a reação dos
jornalistas. O chefe preferiu não ver.

A vaia dos jornalistas, contam-me, não vinha só de eleitores da Dilma.
Há muita gente que vota em Serra na Globo, mas que sentiu vergonha
diante do contorcionismo do “JN”, a serviço de Serra e de Kamel.

Terminado o telejornal, os editores do “JN” em São Paulo recolheram
suas coisas, e abandonaram a redação em silêncio – cabisbaixos alguns
deles.

Sexta pela manhã, a operação kameliana ainda causava estragos na Globo
de São Paulo. Uma jornalista com muitos anos na casa dizia aos
colegas: “sinto vergonha de ser jornalista, sinto vergonha de
trabalhar aqui”.

Serra e Kamel não sentiram vergonha.

Tal comportamento da mídia brasileira não é novidade nenhuma; não é de hoje que ela divulga factóides na explícita intenção de causar alvoroço e dúvida na cabeça do "admirável gado novo" - qualquer pessoa com o mínimo de leitura histórica conhece o caso da filha do Lula que apareceu nos 45 minutos do segundo tempo das eleições de 1990.

Porém, naquela época pós-ditadura e durante muito tempo depois, a imprensa era sim a voz principal do pensamento brasileiro e, portanto, é simples para nós chamá-la de manipuladora. Mas e agora, quando temos a internet como veículo primordial da liberdade de expressão, o que dizer do Brasil way of life? O que dizer das idéias preconceituosas e facistas que nossos amigos, parentes e conhecidos demonstram quando nos encaminham certos emails?

Estaria o brasileiro naquela fase adolescente em que "liberdade" se confunde com "libertinagem"? E está a grande imprensa se aproveitando para exercer plenamente seu direito à "libertinagem de expressão"?

*Lee Oswald, assassino do presidente norte-americano John Kennedy

sábado, 16 de outubro de 2010

Ping-Pong

"Entrevista significa em linguagem jornalística 'encontro com alguma pessoa com finalidade de interregoá-la sobre seus atos e idéias', e o conjunto das declarações com autorização formal ou implícita para publicá-las. O entrevistado é quase sempre pessoa de destaque, permanente ou circunstancial, e as perguntas não são sempre respondidas com boa vontade e disposição, mas conseguidas com astúcia e tato por parte do entrevistador."

(AMARAL, 1997, p. 125)
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Na edição 48 da Rolling Stone constam entrevistas com os presidenciáveis, dentre eles Dilma Rousseff.

Entrevista RS Dilma Rousseff

Por Ricardo Franca Cruz, Pablo Miyazawa, Rodrigo Barros e Fernando Vieira

Foram oito meses de tentativas, sucessivas negativas, quase uma dezena de assessores consultados, inúmeras explicações e frustrações: as dificuldades e os percalços em conseguir uma longa entrevista com a candidata Dilma Rousseff (PT) foram - traçando um paralelo com os temas e personagens normalmente retratados pela Rolling Stone Brasil - dignos de uma celebridade musical, cinematográfica ou televisiva de primeira grandeza. Mesmo antes da confirmação de sua candidatura ao cargo máximo da nação, plenamente apoiada pelo atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a organização da campanha tentava blindar a mineira Dilma, 62 anos, de um contato mais aprofundado com os principais órgãos de imprensa do Brasil. Foi somente após sua consolidação no topo das pesquisas de opinião que o cerco a seu redor se afrouxou - mas não o suficiente: todas as nossas insistentes solicitações para uma entrevista com Dilma em corpo presente foram negadas, supostamente por causa da atribulada agenda de compromissos relacionados à campanha. As respostas a seguir foram concedidas por meio de uma única troca de e-mails com a candidata.

Caso eleita, que a senhora pretende fazer pelo Brasil?

Sempre acreditei que o Brasil podia mudar , mas por muito tempo isso parecia uma possibilidade longínqua. O governo Lula mostrou que isso é possível, com um projeto de desenvolvimento com inclusão social. Um governo para 190 milhões de brasileiras e brasileiros e não para poucos privilegiados, como se fazia no governo anterior. Minha candidatura representa a continuidade deste projeto que trouxe mudanças. Continuidade que significa manutenção e avanço. No governo Lula, 24 milhões de pessoas saíram da miséria e 31 milhões ascenderam à classe média. Mas ainda há muito a fazer. Este é meu sonho: um Brasil sem miséria, um Brasil majoritariamente de classe média. Vamos trabalhar para que o país alcance esse lugar e seja uma das maiores economias do mundo.

Reportagem

A Reportagem não deixa de ser uma informação, notícia, situando-se, portanto, no gênero informativo.

É relato de uma ocorrência de interesse coletivo, testemunhada ou coletada na fonte por um jornalista ou um corpo de profissionais do jornalismo. Tem geralmente formato especial, fugindo da estrutura "objetiva" da notícia. Tendo como ponto de partida uma notícia (corrente ou não), o texto da reportagem é mais desenvolvido, exibindo variados pontos de vista e até mesmo uma linguagem mais literária.

A reportagem pode ser de interpretação (jornalismo interpretativo) ou de investigação (jornalismo investigativo), exigindo, então, textos mais extensos e profundos.
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Na edição 48 (setembro) da revista Rolling Stone há uma reportagem sobre os 40 anos da morte do guitarrista Jimi Hendrix.

A Morte de Jimi Hendrix

Há 40 anos, em meio a circunstâncias ainda obscuras, morria o maior guitarrista de todos os tempos

A exata causa da morte ainda é vaga e uma autópsia deverá ser realizada em Londres em 30 de setembro. Para a polícia, foi uma overdose de drogas, já que, segundo as autoridades, Jimi teria tomado nove tipos de soníferos, morrendo asfixiado em seu próprio vômito, em 18 de Setembro.

De acordo com o cantor Eric Burdon, Hendrix, que morreu no apartamento da namorada, Monika Dannemann, deixou um "bilhete de suicídio", um poema de várias páginas, que agora está em sua posse. Burdon foi o último músico com quem Hendrix tocou antes de morrer.

[continuação aqui]

domingo, 10 de outubro de 2010

Grávida, Danielle Winits assiste às manobras de Jonatas Faro no wakeboard

Ator praticou o esporte na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio, neste sábado, 16.


Danielle Winits assistiu à performance do namorado, Jonatas Faro, no wakeboard, neste sábado, 16, na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. Pai de primeira viagem, o ator beijou e fez carinho na barriga da namorada, grávida de um menino, depois de praticar o esporte. Ao trocar de roupa, Jonatas acabou deixando parte de seu bumbum à mostra.

A atriz já é mãe de Noah, fruto do casamento com Cássio Reis.

Fonte: Ego.
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Sites como o Ego são recheados de notícias curtas (quase notas) sobre acontecimentos cruciais para a vida do brasileiro. O texto transcrito acima é um exemplo da profundidade jornalística do site-tablóide especializado no culto às celebridades; contudo, no caso desta notícia (que estampa a home page do site), ela contém outros elementos que compõem a notícia.

(clique na foto para ver maior)

Note a profusão de fotos e textos. A notícia destacada tem um MANCHETE ("Futuros Papais") e uma CHAMADA ("Jonatas Faro beija barriguinha de Winits").

Em roxo: TÍTULO.


No culto à celebridade, imagens dos famosos são essenciais. Veículos deste tipo baseiam-se em FOTOS e LEGENDAS (em laranja, na foto acima) para complementar ou até mesmo transmitir a informação.

O Que É Notícia?

Pergunte a Priscila Félix. No primeiro semestre do curso de jornalismo, minha adorada colega deu a melhor definição que até hoje ouvi sobre o assunto. Sem delongas e levemente hidratada com óleo de peroba, Félix respondeu ao legendário professor Zé Duarte: "notícia é o que bomba!"

Mas, reducionismos bem humorados à parte, a notícia é nada menos que toda a razão pela qual o jornalismo existe, a matéria-prima da profissão. Após pesquisa entre jornalistas, a revista norte-americana Collier's Weekley a definiu: "Notícia é tudo o que o público necessita saber, tudo o que o público deseja falar."(AMARAL 1997)

Logo no primeiro semestre do curso de jornalismo, o estudante se depara com uma série de divertidas definições sobre a notícia, como: "Se um cachorro morde um homem, não é notícia, mas se um homem morde um cachorro aí, então, é notícia, e sensacional".

Basicamente, para um acontecimento virar notícia ele deve fugir à banalidade cotidiana, interessar a muitas pessoas, ser novo e verdadeiro. Luiz Amaral, em Jornalismo: matéria de primeira página, ainda desenvolve a idéia de que "ser verdadeira" é qualidade da "boa informação, no sentido jornalístico, não como elemento intrínseco da notícia" (AMARAL 1997).

Depois que a turma parou de gargalhar da linda definição de notícia dada por Priscila, o professor, claramente, adentrou no âmbito jornalístico mencionado acima por Amaral. Contudo, o próprio Amaral cita William Randolph Hearst, magnata da imprensa norte-americana:

"a falsa notícia é, antes de tudo, uma informação como as outras. Ela desempenha o mesmo papel social. A sua existência é possível devido ao fato de que a autenticidade da informação importa pouco à satisfação da necessidade direta de notícias e que as relações sociais supõem um mínimo de confiança e de credulidade."

Che Nota?

Não palhacinho, não é do papel que o supermercado te dá quando você compra algo que estou falando. Muito menos daquele número maldito que vai pro seu boletim.

Todo mundo empiricamente sabe que aqueles textículos pequenos textos noticiosos que geralmente ficam nos cantos das páginas dos jornais são notas. Muito eficientes no quesito informativo da atribulada vida pós-moderna, as notas se apresentam em textos curtos, justamente para informarem rapidamente.

Na edição de junho de 2009 da revista Rolling Stone, pode-se encontrar diversos exemplos de nota, como:

"Mais uma vez em solo brasileiro, a cantora e compositora Cat Power, que habilmente junta folk com indie rock, vem mostrar canções dos seus discos mais recentes e algumas versões. Ela canta na Vila Funchal (SP), em 18 de julho."

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Les Genres et Moi

Desde cedo a escrita se apresentou como minha favorita forma de expressão. Comecei a escrever contos quando tinha 9 ou 10 anos e, devido a uma criação de leituras, não foi difícil compreender as diferentes características de cada texto. Tais conhecimentos empíricos e o gosto pela leitura/escrita me levaram à faculdade de Letras.

Contudo, no processo, acabei me deparando com a facilidade em escrever textos como resenhas e comentários, formatos profusivos da profissão jornalística. Larguei Letras e ingressei em Jornalismo e, desde o princípio, meu interesse pende para o texto jornalístico mais opinativo e interpretativo.

Leitor assíduo do Jornalismo Cultural, desenvolvi um gosto pelas análises e comentários críticos sobre cultura e artes em geral; naturalmente passei a também escrever minhas opiniões críticas ou pessoais [ou ambas] sobre diversos assuntos como Música, Cinema e Cultura Pop, publicados pela blogosfera, tendo este tipo de jornalismo como objetivo profissional.

Procuro neste blog, inclusive, desenvolver ainda mais a escrita em tais formatos, contextualizando-os nos estudos sobre Gêneros Jornalísticos.